Quem retirou a laringe pode voltar a falar?

A laringe é uma estrutura essencial para a comunicação, respiração e proteção das vias aéreas. Contudo, em casos graves de doenças como o câncer, a remoção da laringe pode ser necessária, um procedimento conhecido como laringectomia.

Essa intervenção gera muitas dúvidas, especialmente sobre a possibilidade de voltar a falar após a retirada da laringe. Neste artigo, explicamos a função da laringe, as causas que levam à sua remoção e como é possível recuperar a comunicação.

Qual a função da laringe?

A laringe é uma estrutura tubular localizada no pescoço, conectando a faringe à traqueia. Além de ser conhecida como a “caixa vocal”, por abrigar as cordas vocais, a laringe desempenha funções fundamentais:

  • Produção da voz: as cordas vocais vibram ao passar o ar, permitindo a fala.
  • Proteção das vias aéreas: impede que alimentos e líquidos entrem na traqueia durante a deglutição.
  • Controle da respiração: regula o fluxo de ar para os pulmões.

Dada sua importância, qualquer alteração na laringe pode impactar diretamente a qualidade de vida, a comunicação e a saúde geral.

Causas da remoção da laringe

A remoção da laringe, conhecida como laringectomia, é um procedimento médico realizado em situações extremas, quando outras abordagens terapêuticas não são suficientes para preservar a funcionalidade da laringe ou a saúde do paciente. 

A decisão de remover a laringe é tomada com base na gravidade da condição e nos riscos associados. Abaixo estão as principais causas que levam à laringectomia.

1. Câncer de laringe

O câncer de laringe é a principal indicação para a laringectomia. Esse tipo de câncer pode se desenvolver nas cordas vocais (glote), acima delas (supraglote) ou na região inferior da laringe (subglote).

Os fatores de risco incluem:

  • Tabagismo: é o principal causador de câncer de laringe, devido à exposição prolongada a substâncias cancerígenas presentes no cigarro.
  • Consumo excessivo de álcool: potencializa os efeitos nocivos do tabagismo, aumentando o risco de desenvolvimento da doença.
  • Exposição a substâncias tóxicas: como produtos químicos, poeiras industriais e poluentes, especialmente em ambientes de trabalho.

O câncer de laringe, quando detectado em estágios avançados, pode requerer a remoção completa da laringe para evitar a disseminação do tumor e preservar a vida do paciente.

2. Lesões traumáticas

Traumas graves no pescoço são outra causa significativa de laringectomia. Acidentes automobilísticos, ferimentos por arma branca ou de fogo, e outras situações que resultam em danos severos à estrutura da laringe podem torná-la irreparável.

Esses traumas podem comprometer a capacidade da laringe de proteger as vias aéreas, causando risco de sufocamento ou infecção. Em tais casos, a remoção da laringe é necessária para garantir a segurança respiratória do paciente.

3. Doenças obstrutivas crônicas

Algumas condições médicas crônicas podem causar obstrução severa e irreversível das vias aéreas, tornando a laringectomia indispensável. Entre elas estão:

  • Estreitamento severo das vias aéreas: causado por cicatrizes ou inflamações crônicas na região da laringe;
  • Papilomatose laríngea recorrente: uma doença viral que provoca o crescimento de tumores benignos na laringe, mas que, em casos graves, pode bloquear as vias aéreas;
  • Edema ou inflamação crônica: em alguns casos, doenças autoimunes ou infecciosas podem levar ao inchaço irreversível da laringe;

Quem retirou a laringe pode voltar a falar?

Sim, é possível recuperar a comunicação após a remoção da laringe. Embora o som produzido pela laringe seja perdido, existem alternativas que permitem que o paciente se expresse novamente. Essas opções incluem tecnologias e técnicas que adaptam a produção vocal à nova condição.

Opções disponíveis para a recuperação da fala

1. Voz esofágica

A voz esofágica é uma técnica que possibilita a produção de som utilizando o esôfago. O paciente aprende a engolir pequenas quantidades de ar e liberá-lo controladamente, gerando vibrações que formam sons. Embora exija treinamento com fonoaudiólogos e adaptação, essa solução é funcional para muitos pacientes e não depende de dispositivos externos.

2. Próteses fonatórias

As próteses fonatórias são dispositivos implantados que conectam a traqueia ao esôfago, permitindo que o ar passe e produza som ao vibrar no esôfago. Essa abordagem proporciona uma voz mais natural, fluida e menos robótica. Por ser uma das opções mais comuns após a laringectomia, o sucesso depende de cuidados regulares com a prótese para garantir seu funcionamento adequado.

3. Eletrolaringe

A eletrolaringe é um dispositivo externo que gera vibrações mecânicas. Ao ser posicionado no pescoço ou na cavidade oral, essas vibrações são convertidas em som, permitindo que o paciente fale. Essa tecnologia é acessível e fácil de usar, sendo uma alternativa para pacientes que não podem utilizar outras opções.

4. Comunicação alternativa

Para aqueles que não utilizam métodos de recuperação vocal, a comunicação alternativa é uma solução valiosa. Aplicativos, quadros de escrita e sistemas de texto permitem que os pacientes expressem suas necessidades e mantenham interações sociais.

A importância da atuação multidisciplinar

A recuperação da fala e a adaptação após a laringectomia exigem a colaboração de uma equipe multidisciplinar, composta por:

  • Cirurgiões de cabeça e pescoço: realizam o procedimento e orientam sobre o processo de recuperação.
  • Fonoaudiólogos: treinam o paciente em técnicas vocais e uso de dispositivos, ajudando na reabilitação da comunicação.
  • Psicólogos: auxiliam no enfrentamento emocional e na adaptação à nova condição.

Esse suporte integral é fundamental para garantir uma recuperação mais rápida, eficiente e satisfatória.

Conclusão

A remoção da laringe é um procedimento desafiador, mas a recuperação da fala e da qualidade de vida é possível graças aos avanços em técnicas e tecnologias. Contar com um acompanhamento especializado é essencial para garantir o sucesso do tratamento e da adaptação.

Para saber mais sobre laringectomia e alternativas de recuperação da fala, visite o blog do Dr. Rafael Susin.

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