Cirurgia de esvaziamento cervical: o que é e quais são os riscos?

A cirurgia de esvaziamento cervical é um procedimento fundamental no manejo de diversos tipos de câncer que acometem a região da cabeça e pescoço. Esse tipo de intervenção visa remover os linfonodos cervicais que possam estar comprometidos por células tumorais, impedindo a disseminação da doença para outras partes do corpo.

Embora seja considerada uma cirurgia complexa, especialmente por envolver estruturas vitais e delicadas, ela pode ser decisiva para o controle do câncer e aumento das chances de cura.

Com o avanço das técnicas cirúrgicas e diagnósticas, o esvaziamento cervical tornou-se mais seguro e personalizado, adaptando-se às necessidades e características de cada paciente. Seja como tratamento principal ou complementar, a cirurgia contribui significativamente para a eficácia dos cuidados oncológicos.

Neste artigo, vamos trazer em detalhes o que é essa cirurgia, suas indicações, os riscos envolvidos e os cuidados necessários no pós-operatório.

O que é a cirurgia de esvaziamento cervical?

A cirurgia de esvaziamento cervical, também conhecida como linfadenectomia cervical, consiste na remoção de linfonodos e tecidos adjacentes do pescoço. 

Essa intervenção é realizada por cirurgiões especializados em cabeça e pescoço e é indicada principalmente quando há suspeita ou confirmação de metástase nos linfonodos cervicais.

Existem diferentes tipos de esvaziamento cervical, classificados conforme a extensão da remoção:

Esvaziamento cervical radical

Esse é o tipo mais extenso de esvaziamento, indicado quando há comprometimento avançado dos linfonodos. Nele, todos os linfonodos dos níveis I a V são removidos, além de estruturas como o músculo esternocleidomastoideo, a veia jugular interna e o nervo acessório espinal. Embora eficaz, pode causar limitações funcionais, como dificuldade para mover o ombro.

Esvaziamento cervical radical modificado

Semelhante ao radical, essa técnica preserva uma ou mais estruturas importantes, como o nervo acessório ou a veia jugular. A escolha depende da extensão do tumor. O objetivo é manter a eficácia oncológica com menor impacto funcional e estético para o paciente.

Esvaziamento cervical seletivo

Indicado quando o câncer tem menor probabilidade de disseminação ampla. Remove apenas os linfonodos mais propensos a estarem comprometidos, preservando as estruturas saudáveis. É menos invasivo e oferece recuperação mais rápida.

Esvaziamento cervical central

Focado na área ao redor da glândula tireoide, é comum em cânceres de tireoide. Pode ser terapêutico ou preventivo, retirando linfonodos que geralmente são afetados primeiro, mesmo sem metástase confirmada, para evitar recorrência da doença.

Para que serve?

O principal objetivo da cirurgia de esvaziamento cervical é eliminar ou prevenir a disseminação do câncer para os linfonodos do pescoço. Ela é indicada em casos de:

Câncer de cabeça e pescoço

É frequentemente utilizada em pacientes com tumores malignos na cavidade oral, laringe, faringe ou nas glândulas salivares. Nesses casos, os linfonodos cervicais são uma das primeiras regiões para onde o câncer pode se espalhar. A remoção precoce desses linfonodos pode impedir a metástase e melhorar significativamente o prognóstico.

Câncer de tireoide

Nos casos de carcinoma da tireoide, especialmente os mais agressivos ou em estágios avançados, há grande risco de disseminação para os linfonodos do pescoço. 

O esvaziamento cervical permite retirar essas estruturas comprometidas, auxiliando na remissão da doença e facilitando o monitoramento posterior.

Presença de linfonodos suspeitos

Quando exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia ou PET-CT, revelam linfonodos com características sugestivas de metástase, o esvaziamento pode ser indicado mesmo antes da confirmação por biópsia. Essa medida visa prevenir a evolução da doença e antecipar um tratamento mais eficaz.

Recidiva do câncer

Pacientes que já passaram por tratamento oncológico e apresentam recidiva na região cervical podem se beneficiar do esvaziamento como parte de um novo plano terapêutico. 

A cirurgia ajuda a conter a progressão do tumor e pode ser associada a outros tratamentos, como radioterapia e quimioterapia.

Abordagem preventiva

Mesmo sem evidências claras de metástase, alguns casos exigem uma conduta preventiva. Isso ocorre especialmente quando o tumor primário apresenta alto risco de disseminação linfática. 

Nesses contextos, a cirurgia busca evitar futuras complicações, promovendo uma abordagem mais segura e proativa no manejo do câncer.

Quais os riscos da cirurgia?

Como toda intervenção cirúrgica, o esvaziamento cervical apresenta riscos que devem ser considerados:

  • Complicações gerais: infecções, sangramentos, inchaços e problemas na cicatrização.

  • Danos aos nervos: lesões no nervo acessório podem causar paralisia do músculo trapézio, afetando a elevação dos ombros. Danos ao nervo laríngeo recorrente podem resultar em alterações na voz ou dificuldade para engolir.

  • Hipoparatireoidismo: em cirurgias que envolvem a região da tireoide, pode ocorrer comprometimento das glândulas paratireoides, levando à redução dos níveis de cálcio no sangue.

  • Fístula linfática: acúmulo de linfa no local da cirurgia, exigindo cuidados específicos.

É fundamental que o procedimento seja realizado por um cirurgião experiente, que possa minimizar esses riscos e garantir uma recuperação adequada.

Conclusão

A cirurgia de esvaziamento cervical é uma ferramenta valiosa no combate ao câncer de cabeça e pescoço, oferecendo a possibilidade de controle da doença e melhoria na qualidade de vida do paciente. Apesar dos riscos associados, quando indicada corretamente e realizada por profissionais capacitados, os benefícios superam as possíveis complicações.

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